Prognatismo Mandibular: Tudo que você precisa saber [escrito por especialista]

homem com classe III e prognatismo mandibular
Prognatismo mandibular

Certa vez em uma consulta de rotina para avaliação pré-operatória, onde um dos objetivos é entender quais os motivos do paciente querer fazer a cirurgia ortognática, um jovem me respondeu algo que me deu um nó na garganta.

Felipe, era estudante e aos seus 23 anos tinha um sonho que para ele parecia impossível, mas para a maioria das pessoas é algo simples e rotineiro.

“Doutor, eu quero operar porque um dos meus maiores sonhos é conseguir morder um sanduíche. Todas às vezes que tentei fazer isso na minha vida, o sanduíche se despedaçou na minha mão.”

Essas foram as palavras dele.

O sonho do Felipe é algo comum para mim e boa parte da população. Na maioria das vezes é uma ação automática que não damos muita importância. Mas para ele e sua família que há alguns meses nem sabiam que tinha solução, era algo impossível.

Isso mesmo, em tempos de tanta informação livre ainda há muitas pessoas que não sabem que existe uma forma de resolver esse problema.

E é para que outros “Felipes” tenham acesso a essa informação que fiz esse artigo.

Primeiro vamos entender a origem do problema

Essa alteração é conhecida no meio científico como prognatismo mandibular. Alguns outros nomes que você pode encontrar na internet é padrão facial tipo III, classe III ou simplesmente queixo grande. Contudo de uma maneira resumida, todos tentam se referir a mesma alteração.

Mas por que algumas pessoas tem prognatismo mandibular e outras não?

Vários são os motivos que podem influenciar no desenvolvimento do prognatismo mandibular. Contudo há evidências de uma forte tendência hereditária. Ou seja, se há alguém na família com prognatismo, a chance de que os filhos dessa pessoa tenha também são maiores.

Quais as características observadas nos prognatas?

O aspecto que mais se destaca a primeira vista é sem dúvidas o excesso de queixo. Que pode basicamente ser por três motivos:

  1. Crescimento excessivo de toda mandíbula ou parte dela
  2. Falta de desenvolvimento da maxila
  3. Uma combinação da deficiência de maxila e excesso da mandíbula

Outra característica é a incapacidade ou dificuldade em conseguir tocar os lábios, normalmente o superior apresentando aparência flácida. Além disso, alguns podem ainda apresentar obstrução nasal, dificuldade para falar algumas palavras, para mastigar e engolir.

Mas o problema vai muito além dos aspectos físicos. O prognatismo influencia no convívio social e afeta diretamente o psicológico de muitas pessoas.

É comum as pessoas evitarem fotos e quando tiram alguma tentam disfarçar a todo custo. Colocar a mão na boca, fazer poses em diferentes ângulos ou repetir várias e várias vezes a mesma foto. Toda técnica é válida para tentar pelo menos deixar menos evidente o prognatismo.

Além de tudo isso ainda há quem faça piadas do tipo queixudo, queixo-rubro ou queixão sem imaginar o quanto isso os afeta.

E falando em queixo-rubro (personagem da série “Os padrinhos mágicos”), diferente do que acontece nesse desenho animado, em que o personagem é um herói, o cinema geralmente estigmatiza os prognatas como vilões.

Frequentemente os personagens malvados têm essas características. Quem não lembra do Coringa, Dick Vigarista ou Thanos?

Percebe o que todos tem em comum além de serem vilões?

Mas afinal de contas, como resolver o prognatismo mandibular?

De maneira geral o prognatismo mandibular severo só é resolvido através da cirurgia ortognática. Geralmente necessitando operar tanto a maxila quanto a mandíbula.

Mas por que operar a parte de cima também?

Porque a maior parte dos casos está relacionado a deficiência da maxila associado ao excesso de mandíbula. Sendo necessário durante a cirurgia, avançar a parte superior e recuar a inferior.

Em alguns casos, considerados mais leves, é possível um tipo de camuflagem ortodôntica, que consiste essencialmente em colocar os dentes superiores para frente e os inferiores para trás, na tentativa de encaixa-los.

Contudo, na maioria dos casos é uma medida ousada, instável e frequentemente resulta em prejuízos graves, como a perda de dentes. Além disso, todo esse esforço para corrigir a mordida não melhora o perfil facial.

O que é a cirurgia ortognática?

É um procedimento cirúrgico que tem o principal objetivo de encaixar os dentes corretamente e corrigir a posição dos ossos da maxila e mandíbula, levando-os para uma posição que deixe o rosto mais harmônico. Por isso, é definida como uma cirurgia estético-funcional, pois além de corrigir a mordida, também promove melhora da estética facial.

Em um outro artigo, eu escrevi sobre as 5 maiores dúvidas sobre cirurgia ortognática, é só você clicar aqui para conferir.

Para quem é indicado?

Por corrigir a posição da maxila e da mandíbula, esse procedimento é indicado para uma série de alterações que ocorrem nos ossos da face, como por exemplo o retrognatismo e o prognatismo mandibular.

Onde é realizado?

A cirurgia é realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia geral.

Como é realizado?

São realizados cortes nos ossos da mandíbula e da maxila por dentro da boca. Esses ossos são movidos para a posição planejada e em seguida, são fixados por placas e parafusos, para que não haja movimentação durante a cicatrização.

Logo abaixo está um dos casos que realizamos para corrigir o prognatismo mandibular, também chamado na internet de classe III ou perfil facial tipo 3.

Conclusão

Então agora que você teve acesso a essas informações, o que acha de colaborar comigo na missão de distribuir essas explicações para outras pessoas? Compartilhe com o máximo de pessoas que puder.

É bem simples, aqui na tela já tem os ícones das redes sociais, basta clicar neles para compartilhar. Quem sabe tenha outros “Felipes” que precisem ver essas informações.

E caso tenha ficado alguma dúvida, me conta aqui nos comentários. Será um prazer respondê-las.

Forte abraço,

Antes e depois da cirurgia ortognática classe 3

antes e depois da cirurgia ortognática classe 3
Antes e depois da cirurgia ortognática para correção de prognatismo mandibular – 2 meses separam as duas fotos

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SOBRE O AUTOR

Dr. Ícaro Guilherme

Sou Icaro Guilherme, cirurgião bucomaxilofacial especialista pela Universidade de São Paulo (USP – SP). Realizei residência na área pelo Hospital Universitário da USP durante 3 anos e em quase 9 mil horas tive a oportunidade de aprender com grandes nomes da cirurgia nacional e internacional.

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